Serviço
Cresce procura por almoço no Restaurante Popular
Cerca de 80% dos usuários têm o estabelecimento como única fonte para uma refeição completa
Foto: Jô Folha - DP - O restaurante disponibiliza 200 gratuidades e recebe cerca de 200 a 250 pagantes por dia
Por Vitória de Góes
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Atendendo a comunidade pelotense desde 2008, o Restaurante Popular tem aumentado cada vez mais o número de usuários. Nesse meio tempo, principalmente após a pandemia, o local também tem recebido um outro perfil de pessoas que buscam o serviço oferecido. A explicação pode estar no aumento da inflação sob os alimentos e consequentemente no almoço em outros estabelecimentos que antes ofereciam preços mais acessíveis.
Atualmente, o Restaurante Popular oferece almoço pelo valor de R$ 4,00. Até junho de 2022 esse valor era ainda menor, R$ 2,00, mas justamente devido ao aumento dos preços nos supermercados e a alta demanda de usuários o novo contrato firmado entre o Executivo e o grupo gestor precisou contar com reajuste.
Antes da pandemia, em 2019, o serviço oferecia diariamente 89 refeições gratuitas e atendia outros 297 pagantes, na época o repasse do Município era de R$ 63 mil ao mês. Hoje, o restaurante disponibiliza 200 gratuidades e recebe cerca de 200 a 250 pagantes por dia, com repasse de R$ 104.832,00 ao mês.
O coordenador técnico da Organização da Sociedade Civil (OSC) Gesto, Maiquel Fouchy, conta que a demanda vem crescendo nos últimos três anos e que o público que busca a alimentação no local também está mais diverso. “A gente acredita que isso se dá um pouco pela perda do poder de compra e consumo. Pessoas que antes almoçavam por R$ 15,00 em restaurantes mais populares no centro, agora estão vindo almoçar aqui”. A explicação, segundo ele, está na crise econômica que o país enfrenta, agravada também pela pandemia, além da baixa geração de empregos em municípios do interior.
De fato, a realidade mostra que o preço dos alimentos disparou e a renda dos brasileiros não conseguiu acompanhar. De acordo com dados do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), em março de 2019 a compra de uma cesta básica comprometia, em média, 47,78% do salário mínimo. Já no mesmo período deste ano, o trabalhador comprometeu cerca de 55,47% do rendimento para adquirir os alimentos básicos.
Essa situação afeta inclusive o Restaurante Popular, como conta Maiquel Fouchy. “A gente esteve realizando encomendas com alguns fornecedores e já percebemos uma subida no valor do feijão, por exemplo, e isso gera um impacto. Se são gastos uma tonelada de feijão por mês e ele sobre R$ 1,00, então eu tenho R$ 1.000 de despesa extra”, explica.
Apesar disso, o local tenta atender todos os usuários, mesmo ultrapassando em alguns dias o limite estipulado. Às 11h, quando o restaurante é aberto, uma fila considerável já está à espera do almoço que vai até as 13h. E, mesmo com o valor estabelecido, há pessoas em vulnerabilidade que dão o que tem no bolso, como R$ 2,00, e até R$ 0,50.
Cátia de Paula frequenta o restaurante semanalmente há alguns anos e diz que, mesmo com o aumento, o valor cobrado ainda é justo diante da qualidade oferecida no almoço. “É uma comida balanceada, com sal e temperos bons. A gente sabe que tudo é feito através das nutricionistas, então sabe da qualidade. O cardápio é ótimo, nunca tem comida repetida”. Na quarta-feira (12), o serviço ofereceu arroz, feijão, massa, linguiça assada, salada de alface, tomate e cenoura, além de suco e uma sobremesa de banana.
Possibilidade de ampliação
Em muitos casos o almoço é a única refeição completa feita diariamente por muitos usuários. Entretanto, a Secretaria de Assistência Social diz que a ampliação para um atendimento à noite é inviável no momento, seja por questão financeira ou de logística.
“O que nós estamos realizando no momento é um estudo para viabilizar a ampliação do atendimento do restaurante popular para levar o serviço a um bairro. A ideia é fazer uma parceria com alguma entidade ou associação para aumentar o número de refeições, levando viandas para serem servidas no bairro”, explica o secretário de Assistência Social, Tiago Bündchen.
O restaurante em números:
Por dia são preparados:
- 40 quilos de arroz
- 30 quilos de feijão
- 60 quilos de carne
Além de acompanhamentos, saladas, suco e sobremesa
Ao todo, são servidos cerca de 8,4 mil pratos ao mês. Para manter o funcionamento, dez funcionários atuam no local.
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